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Tuberculose em crianças e adolescentes no Uruguai
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Palavras-chave

Tuberculose
Crianças
Adolescente
COVID-19
Uruguai

Como Citar

Amaya, G., Moreira, V., Gutiérrez, C., Cardoso, M. E., & Pandolfo, S. (2025). Tuberculose em crianças e adolescentes no Uruguai: mudanças na situação epidemiológica antes, durante e depois da pandemia de COVID-19. Archivos De Pediatría Del Uruguay, 96(S1), e504. https://doi.org/10.31134/AP.96.S1.3

Resumo

Introdução: em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou sobre o risco de negligenciar as ações de controle da tuberculose (TB) durante a pandemia de COVID-19. No Uruguai, foram definidas diretrizes de contingência para a TB, priorizando a continuidade do atendimento aos pacientes com TB, o controle de contatos (principalmente crianças e imunocomprometidos) e o atendimento a pessoas em situação de vulnerabilidade. O impacto global da pandemia mostrou uma diminuição dos casos diagnosticados e um aumento da mortalidade por TB, que vem se revertendo lentamente no período pós-pandêmico.
Objetivos: descrever a situação epidemiológica da tuberculose em crianças e adolescentes no Uruguai entre 2018 e 2023. Conhecer se existiram mudanças na apresentação clínica, diagnóstico bacteriológico e letalidade em três períodos: antes, durante e depois da pandemia de COVID-19.
Metodologia: estudo descritivo, retrospectivo dos menores de 20 anos com diagnóstico de TB no Uruguai entre 1/1/2018 e 31/12/2023. Foram analisados os dados do Registro Nacional de Tuberculose: patronímicos, diagnóstico clínico e bacteriológico, fatores de risco e avaliação do tratamento. Foram comparados três períodos: pré-pandemia (P1) casos de TB de 2018-2019; pandemia (P2): anos 2020-2021; e pós-pandemia (P3): anos 2022-2023. Estatística descritiva. Open Epi versão 3.01.
Resultados: entre 2018 e 2023, 660 crianças e adolescentes foram diagnosticados com TB no Uruguai. 4% tinham menos de 1 ano e 50% tinham entre 15 e 19 anos. 53% eram do sexo masculino e 65% eram residentes de Montevidéu. 71% dos casos eram usuários do prestador de saúde pública, necessitando de internação hospitalar em 51%. Localização pulmonar: 71% (confirmados bacteriologicamente 51%); extrapulmonar 17% (confirmados 40%); pulmonar + extrapulmonar 9%. Fatores de risco: Antecedente de contato com caso de TB: 53%. Coinfecção TB/HIV 2%. Imunossupressão não HIV 13%. Encarceramento: 1,8%. Uso de substâncias psicoativas: 8%. Avaliação do tratamento - bem-sucedido: 85%; perda de seguimento: 11%; óbitos 13/660 - letalidade 2%. Comparação de períodos: Evolução dos casos - P1: 176; P2: 212 (aumento de 20,4%); P3: 272 (aumento de 28,4%). Houve diferenças nas formas de apresentação clínica, com diminuição das formas avançadas. Confirmação bacteriológica em formas pulmonares: P1: 54%; P2: 55%; P3: 47%. Avaliação do tratamento - bem-sucedido: P1 90%; P2 82%; P3 84% (p 0,0082); perda de seguimento: P1 5%; P2 14%; P3 13% (p 0,0067); Letalidade - P1: 1%; P2: 2%; P3: 3%.
Conclusões: o aumento de casos de tuberculose em crianças e adolescentes foi sustentado desde 2018, com um aumento significativo no período pós-pandêmico, conforme alertado pela OMS. Foram identificadas diferenças nas formas de apresentação clínica e localização da doença, com diminuição das formas pulmonares avançadas. O sucesso do tratamento diminuiu durante a pandemia, à custa do aumento das perdas de seguimento, com uma ligeira recuperação no período pós-pandêmico. A letalidade aumentou durante e após a pandemia.

https://doi.org/10.31134/AP.96.S1.3
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