Resumo
Introdução: a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de SARS-CoV2 COVID 19 eno dia 11 de março de 2020. No Uruguai, em 13 de março de 2020, foram notificados os primeiros casos e foi declarado o estado de emergência sanitária. Desde o início da epidemia até 27 de abril de 2021, foram notificados 22.718 casos em menores de 15 anos. Perante esta situação epidemiológica, o Departamento de Pediatria implementou o diagnóstico telefónico e o acompanhamento clínico das crianças e adolescentes (CA) que consultaram na Emergência Pediátrica e constituíram casos e/ou contatos de doença por coronavírus 2019 (COVID 19).
Objetivo: analisar as características epidemiológicas e clínicas de crianças em acompanhamento por suspeita de infecção por SARS-CoV-2 em um hospital terciário entre 1º de março de 2020 e 28 de fevereiro de 2021.
Materiais e métodos: foi realizado um estudo observacional descritivo retrospectivo no período mencionado acima. Foram incluídos pacientes de 0 a 14 anos que consultaram no pronto-socorro pediátrico com sintomas sugestivos de COVID 19 ou devido ao contato com um caso confirmado. Fontes de dados: estatísticas de admissão, prontuários e laboratório. Variáveis: data da consulta, sexo, idade, procedência, clínica, contato confirmado de COVID 19, comorbidade, resultado do teste PCR para SARS-CoV-2, acompanhamento e evolução. Distribuição de frequência da análise estatística, medidas sumárias e testes de significância, considerando-se um valor de p≤0,05 como estatisticamente significativo. Considerações éticas: não foi realizada nenhuma intervenção específica, foi garantida a privacidade e o anonimato das pessoas envolvidas.
Foram feitas 657 consultas. 455 (69,3%) por telefone e 202 (30,7%) pessoalmente. 287 (43.7%) assintomáticos y 370 (56.3%) sintomáticos: rinorreia (27%), febre(23%), tosse(22%), odinofagia (14%), gastrointestinal (4.8%), dificuldade respiratória (3.6%) entre outros. 394 pacientes (60%) foram contatos, 254 (64,5%) intrafamiliares, 89 (22,6%) na escola, entre outros. 467 (71,1%) tiveram pelo menos 1 acompanhamento, 451 (96,6%) por telefone e 16 (3,4%) pessoalmente. 78 (11,9%) foram positivos, 504 (76,7%) negativos e 75 (11,4%) não realizaram o teste. 646 (98,3%) pacientes ambulatoriais, 1 internado na UTI. Nenhum deles morreu.
Conclusões: por meio da telemedicina, foi possível implementar um acompanhamento adequado dos casos e contatos da COVID 19 e identificar situações que exigiram atendimento presencial. A maioria atendeu sua doença de forma ambulatorial. Nos menores de 12 anos houve mais infecções assintomáticas e a fonte de infecção foi um coabitante mais do que nos maiores de 12 anos, sendo essas diferenças estatisticamente significativas (p=0,006 p=0,005). Essa população foi semelhante aos dados registrados. O acompanhamento e orientação oportuna por telefone contribuíram para a adoção de medidas de redução de infecções e circulação viral e permitiram que o paciente e sua família se sentissem acompanhados física e emocionalmente.