Resumo
Objetivos: descrever a incidência e sobrevida em crianças e adolescentes com câncer no Uruguai e analisar sua evolução comparando os períodos 1992-1994 e 2008-2012.
Materiais e métodos: estudo observacional e descritivo. Incluíram-se todos os pacientes de 0 a 14 anos de idade com diagnóstico de câncer em Uruguai no período 2008-2012. Fonte de dados: Prontuários do Serviço de Hematologia e Oncologia Pediátrica do Centro Hospitalar Pereira Rossell. Os diagnósticos foram agrupados de acordo com a Classificação Internacional de Câncer Infantil, Terceira Edição. As informações sobre o tamanho da população e sua distribuição por faixa etária foram obtidas nos registros censitários nacionais e em organismos internacionais. Determinaram-se a incidência e sobrevivência. Os sobreviventes foram acompanhados por um período mínimo de 6 anos para garantir uma estimativa precisa de sobrevida.
Resultados: incluíram-se 504 pacientes entre 0 e 14 anos de idade. A taxa de incidência para todos os cânceres foi de 134,6 casos por milhão por ano, 147,6 e 120,7 para meninos e meninas, respectivamente. A maior incidência observou-se para leucemias (grupo I) (40,6), tumores do sistema nervoso central (grupo III) (28,0) e linfomas (grupo II) (17,6). A taxa de sobrevida em 5 anos melhorou significativamente para todos os cânceres de 54,7% (1992-1994) para 70,6% (2008-2012) (homens 49,2% a 69,6%; meninas 58,9% a 72,3%).
Conclusões: este estudo fornece informação confiável sobre a incidência e sobrevida do câncer no Uruguai em pacientes com menos de 15 anos de idade. Os resultados encontrados mostram mudanças na distribuição da população uruguaia, taxa de incidência de câncer estável na faixa etária analisada e avanço significativo na sobrevida em relação ao estudo realizado há 20 anos, mas confirmam que o Uruguai tem desafios pela frente para atingir taxas de cura do câncer semelhantes aos países da Europa Ocidental e da América do Norte.